Pouca gente que circula diariamente pela Marginal Tietê em direção à zona leste sabe que em um amplo terreno de muro baixo, entre as pontes do Piqueri e da Freguesia e ao lado de uma empresa de material elétrico, abriga um dos mais importantes projetos para a redução do envio de resíduos para aterros na cidade.

O pátio de compostagem da Lapa, na avenida José Maria de Faria, 487, tem capacidade para receber 10 toneladas diárias de resíduos orgânicos e transformá-los em adubo.

A iniciativa permite a transformação de restos de frutas, legumes e verduras (FLV) em composto orgânico, que é utilizado como insumo em jardins e praças públicas, além da distribuição de forma gratuita aos feirantes e munícipes.

O pátio da Lapa foi o primeiro da cidade, que hoje conta com mais quatro unidades na Sé, Mooca, São Mateus e Ermelino Matarazzo. Juntos, têm capacidade de retirada anual de cerca de 2,8 mil toneladas de resíduos orgânicos de aterros, transformando-os em cerca de 420 toneladas/ano de composto de qualidade.

Por que o projeto é tão importante? Porque algo entre 50% e 60% dos resíduos produzidos hoje pelos paulistanos são restos de alimentos. Por isso, a cidade não pode se ater apenas à reciclagem de latas, plástico, vidro e papel, os produtos mais comuns a receberem a destinação correta.

A Ecoss Ambiental é a empresa responsável pelo manejo do pátio da Lapa, o primeiro a funcionar na cidade, como projeto piloto, em 2015. Funcionários da empresa garantem o manejo correto e alta qualidade a todo o processo.

Atualmente, o local recebe visitação de pessoas de todo o país, inclusive de estrangeiros. É um projeto com alta viabilidade de interagir com a população em grandes centros urbanos já que no local não há cheiro ou insetos.

Vale destacar que a destinação correta de resíduos só ocorre quando ela é viável economicamente. Por isso, essas iniciativas precisam cada vez mais envolver empresas, restaurantes e a população de modo geral. Ninguém quer pagar uma taxação maior pela destinação correta de resíduos, mas nada no mundo inteiro é de graça.

Ao inserir os pátios de compostagem no contexto urbano e local, o projeto se torna mais factível economicamente. Afinal, não são gastos tarifas de pedágio e custos de quilometragem de caminhões de grande porte.

Passado é passado

Outros pátios voltados à compostagem já foram malvistos no passado porque utilizam técnicas distintas. Foi o caso de iniciativas realizadas em São Mateus e Vila Leopoldina no início dos anos 50 e que perduraram até 2004. Isso ocorria porque não havia uma segregação anterior do tipo de resíduos.

Uma prova da inovação dos pátios de compostagem da Lapa para a cidade é o fato de o projeto ter sido um dos cinco finalistas do “C40 World Mayors Summit”, realizada na cidade de Copenhagen, na Dinamarca.

C40
O C40 é uma rede que conecta 94 das maiores cidades do mundo – com 700 milhões de pessoas e um quarto do PIB global – comprometidas em promover iniciativas a respeito das mudanças climáticas. O C40 apoia as cidades a colaborar de forma eficaz, compartilhar conhecimento e conduzir ações significativas, mensuráveis e sustentáveis sobre as mudanças climáticas.